Erre de erro

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A raiva roeu-me todo roído
no regresso das regras irrigadas.
Enraivecido, rastejo pelas ruas e sou
fustigado por rajadas de relâmpagos!
O rapaz que se regozijava no seu recanto,
repetia sem parar o erre com som rrrrrrrrrrrrrrr…
rrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr…
rrrrrrrrrr…
Recomeço.
Enregelado, como quem se ri do rasto quente,
regurgito reminiscências raspadas das ruas.
Arranho algumas recordações, com receio de
relembrar a porrada que revelou ser ríspida.
Realmente…
Retraído pela traição revivida, vou de rojo
pelos romances reproduzidos sem reciprocidade.
Revejo-me na rispidez irreal da realidade.
Como reagir?! Não há erro.
A resposta é rasa e rápida… sem rodeios:
Com a letra erre, com erre grande, R.
De Raiva.

Sem Título

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A sanidade anda à briga com a loucura…
Ambas se esmurram sem piedade,
ambas se esvaem na procura.

Ás vezes sinto-me rebentar…
Em pequenas explosões que marcam o coração.
É um verdadeiro espectáculo pirotécnico
que perdura e habita na minha imaginação.

São lançados os foguetes das dúvidas e incertezas,
que ficam suspensos no ar…
Leves vão deslizando pelas subtilezas
daquilo que procuro e não consigo encontrar.

O aglomerado de emoções é já enorme.
Embora disperso, fosco e quase imperceptível,
torna o pensamento pesado, insuportável… disforme.

Estou são, estou louco, ao mesmo tempo.
Grito para o silêncio das coisas que estão lá fora.
Procuro luz na escuridão, procuro abrigo, procuro alento.

Cuidado

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Cuidado!
É preciso ter cuidado…
Com o descuido desajeitado,
com o mais que certo passo errado.

É preciso atenção ao escolher o caminho,
requer muita meditação e dose certa de cuidadinho.

Cuidado!
Mais um passo em falso e está tudo acabado…
Se errares novamente só te vai restar o Fado.
Mas não podes ter medo, tens de ser ousado.

Um pouco de coragem, de vontade e de destreza
e tudo fica mais fácil, sem dúvidas… com certeza.