Monday, January 31, 2011

Absorvente

.


Estou cansado. Sinto que as forças me falham
e a cabeça não quer raciocinar. Há uma névoa
constante que tolhe a minha visão das coisas. Penso
como seria e tento imaginar o que nunca será.
Espero…
O cansaço insiste.
Ponho uma perna à frente da outra e
tento não tropeçar em mim próprio quando ando. Aos
poucos vou ficando tonto, como que lucidamente embriagado.
Pergunto-me se tudo o que acontece são testes ao meu carácter?
Tornei-me numa esponja que absorve e retém todos os
sofrimentos já sofridos. Talvez venha daí o cansaço.
Talvez deva espremer a esponja e deixar sair o líquido da desilusão.
Talvez assim desapareça a névoa que cobre a minha visão.
Talvez assim consiga sorrir sem ter de me preocupar
com o susto de dizer:
Oh! Por favor, outra vez não!
Talvez assim seja capaz de correr, não sei.
Talvez assim tropece de vez.
Ou talvez me levante sozinho.
Eu que preciso de mim:
talvez assim.