Monday, July 12, 2010

Panóplia

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A tua imagem acalma o meu pensamento…
ver-te e sonhar que o ontem ainda não é amanhã.
Sonhar que hoje consigo sentir a melodia dentro de mim
e dançar com ela, em vez do costume,
sabes como é.
E agora na viagem de regresso as luzes brilham fortes,
mostram-me o caminho. Tenho andado por aí a vaguear:
por ruas desconhecidas e fui descobrir o aroma da descoberta,
encoberta na cobertura sobreposta a tudo aquilo que vemos.
A vista fica visivelmente visada, visto que deixei de ver.
As estrelas.
A estrada está fechada.
Tento subornar o porteiro mas o que tenho para oferecer não chega.
Palavras a mais no palavreado que já me cansa.
Se até eu fico cansado…
Imagino!
É tão bom imaginar…
O fumo desaparece lentamente, fica a neblina matinal.
Retomo a minha cruzada, cruzo os braços e aperto o passo.
Está frio e consigo perceber ecos de loucura. Caso não saibas,
ficas sabendo: O caminho está atrás de ti se lhe viras as costas.
Vira-te de frente e vê-lo-ás como deve ser visto, com olhos de ver,
de perceber, de querer.
Misturo amor, misturo alegria e misturo dor. Misturo tudo no
mesmo sítio, crio frio e afago calor.
Arrepios surgem ao olhar a tua imagem novamente.
Desta vez a mentira diz a verdade
e desta vez o fado não mente a saudade.
É uma panóplia.
Camadas e camadas transbordam de sentimentos acumulados.
Em casa, na rua, no estrangeiro; no conhecido e, sobretudo,
no desconhecido:
Misturo tudo e fico com tudo.
É assim que faço a minha estrada:


Não abdico de nada!