Monday, June 29, 2009

A hora mais escura...



A hora mais escura…


Mais um sonho que acaba com o nascer do dia.
Atrevo-me a acordar e relembrar o que fugia.
O amor exacerbado por delírios de grandeza,
sonhado no meio de nuvens que trazem sombra à clareza.

Torpe, débil e acelerado pela canção do apaixonado
encontro letras que formam versos de ritmo desenfreado.
E o bater do coração marca o ritmo da minha emoção,
agigantada por momentos de verdadeira explosão.

Fico assim, abraço o acordar que insiste em não me deixar dormir
e electrizar todo o meu sonho que me faz sentir…
Resta-me tentar sonhar acordado, almofadado pela recordação presente.
Enregelado pela realidade que me abre os olhos à dureza demente.

É então que no pretérito faço a minha escolha de não mais avançar,
enquanto for dia e a noite insistir em não chegar…
De olhos bem abertos vou continuar a desenhar-te
na tentativa de pincelar as curvas que fazem do teu ser todo arte.

A tela está pronta, falta chegar o pôr-do-sol… no firmamento,
as cores serão escolhidas ao acaso, trazidas pelo vento.



…é aquela imediatamente antes do Sol nascer.

Monday, June 22, 2009

Lua

Alguém reparou na Lua?
Toda alva e branca e luminosa.
Com um semblante de tristeza,
toda ela brilha lá no alto,
iluminando os passos do sonhador nocturno
que vagueia pelas ruas estreitas…
que escondem os segredos da escuridão
na fortaleza do insuspeito que não se adivinha.
Toda ela é luz de cal esplendorosa.
Reflectida nas águas turvas do desalento.

É o nosso pesado pensar destemido,
todo ele a preto e branco colorido.

Sunday, June 21, 2009

Fumo fátuo

E fazer um fogo fugaz fosforescente,
fustigado por fagulhas enfurecidas.
Fantásticas.
Fumar o fumo fátuo desfasado…
factos fortes fumados e feitos,
fabricados de afazeres afeiçoados.
Funestos!
Forma de factuar o fazer fácil,
fumegando farpas afiadas e desfiguradas.
Afrontar a figura afagada, afunilada.
Foda-se.

Friday, June 19, 2009

Cigarradas

Em mais um cigarro fumo os pensamentos do dia,
considero acesos instintos apagados
nas cinzas que esvoaçam com o tempo.
E penso.
E vais mais uma passa, prolongada de
intenções sinceras e honestos desesperos.
A caneta prolonga os meus medos,
o cigarro amaina os meus desejos.
Tento controlar o sentimento, a recordação
que teima em me lembrar que o fumo
nunca vai parar de voar a não ser que eu,
todo eu e só eu o apague no cinzeiro cheio das beatas
do pensador amante.
Procuro mais uma vez o isqueiro, na necessidade
de arrastar o lume que vai novamente acender
o cigarro que crepita e me faz pensar…

Será que algum dia me vou queimar?

Friday, June 12, 2009

Será?

Será que tenho resposta?
Ou será que sempre vai ficar a pergunta?
Respondo a mim mesmo com as perguntas
que criam mais questões.
Não encontro resposta para as minhas emoções.

Será que tenho sensações?
Ou será que tudo são interrogações?
Não consigo responder.
Emocionado que fico com tamanhas cogitações.
Será que afinal são mesmo emoções?
Ou serão respostas às minhas interrogações?

Afirmar que não percebo e não entendo,
não compreendo.
Mesmo que sejam respostas e não sejam emoções.
Fica sempre a dúvida…
Ficam sempre as interrogações.
Fico sem respostas, fico sem questões…

Será que me restam emoções?

Monday, June 08, 2009

I

"But if thou live remembered not to be,
Die single and thine image dies with thee."

William Shakespeare


I stand here in awe and affliction
gazing the stars that light conviction.
Faithless, hopeless and reckless,
I enjoy and live in a bright darkness.
And the conviction that afflicts my standing
darkens the road of the blind hoping.
Enlightened, balanced by fear
all that awesomeness to vanish and disappear.
Steal the secrets of the fading lie
staring at the truth that passes by.
Reaching out. An utter and swift glance,
I swap my feelings by changing my stance.
The clouds that be shall not pass
and the song of me will turn to glass.

Tuesday, June 02, 2009

Primeiro


Comunico por emoções versificadas

em delírios de ideias inacabadas.

Imagino o mundo sem sentimentos malhados,

intuições e arrepios atabalhoados.


Palavras sem tom e sem sustento

em ritmo descontinuado e sempre lento.


Escrevo através da tinta que discorre

pelas veias que irrigam a pena desidratada.

Digo porque quem não diz, morre.

E quem o faz nunca o faz sem dizer nada!


Paranóia de palhaços engravatados,

Vício de loucos e poetas e sonhadores desamparados.


Tudo flui pelas marés do inconformado

com laivos de incongruência concreta.

Tudo nos dói ou nada nos afecta.

Estamos aqui e ali e em nenhum lado.


Numa perseguição incessante e inglória

se esvai toda a solução de qualquer história.