Saturday, July 11, 2009

Sem título

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Rasgado pela saudade incontrolável
recolho palavras exacerbadas pelo sentimento
e mais uma vez procuro um verso inigualável;
construo a estrofe que desmaia num tormento.

No labirinto rítmico em que me encontro
as notas são dadas pela guitarra do sonhador,
escorrega-me a vírgula, as reticências… e o ponto.
Numa canção de ti eu me torno trovador.

Nota após nota, verso atrás de verso
Toco e escrevo o que me aflige, me preocupa.
Poucas vezes me deslumbro e muitas me disperso
naquilo que tem importância e não se escuta.

Consegues ouvir o meu gritar aí em cima?
Talvez deva cantar mais alto...
Grito e canto e berro mergulhado na bolina
do nunca mais que vejo, do vazio e inútil palco.

Represento a palavra que existe para descrever
o amargo deslize atrofiado pelo tempo.
Rebento de suspeitas que não me fazem querer,
sair do buraco para procurar um novo alento.

E hei-de eternizar a canção de ti, a união separada.
Os laços que se cantaram e como tudo, acabaram em nada.