Wednesday, May 16, 2012

Falta de Ar



Um suspiro sussurra os lamentos de ontem
à procura de uma brisa que o leve
para longe… para bem longe.
Sente-se sozinho, sem companhia.
Mas afinal um suspiro é só isso
um suspiro.
Qual nesga de ar sem espaço para crescer.

Mas cresce.
Lentamente, transforma-se em grito
e berra cá para fora as suas angústias.
Sonha que um dia vai conseguir
gritar em grupo, fazer um coro
de berros que façam muito barulho!
Quer voar, dar asas a tudo o que sonhou.

Nos espaços mais recônditos
escondidos nas profundezas de nós
estão sentados, à espera e em alerta paciente…
todos os sonhos recatados
todas as vontades despedaçadas.
Vão emergir um dia, envergonhados mas possantes,
empurrados através da luminosidade alva.

Tuesday, May 08, 2012

Feliz Aniversário


Pai,

Ao escrever estas palavras
recordo tempos passados no passado
quando ainda era muito pequenino.
Ainda debaixo da tua asa, lá na nossa rua,
lá na nossa casa.
Brincava e pulava e corria satisfeito porque
sabia que te tinha a ti e à Mãe por perto.
Contente porque eras tu
o Pai mais fixe
o Pai melhor, maior que os pais dos outros
eras o Senhor Vivas, que toda a gente conhecia
e eu sabia e sentia  que eras
o melhor Pai do mundo.
Aos meus olhos eras diferente
eras mais alto eras melhor.
Tinhas carisma e tinhas pinta e eras brincalhão.
Eras o maior, eras o meu Pai
o melhor Pai do mundo.

Os anos foram passando e passaram a correr
e agora já não sou pequenino mas tu…
continuas a ser o maior!
O mais carismático, com mais pinta
o mais brincalhão
o meu Pai
o melhor Pai do mundo.

Apesar da distância que nos separou
nunca nos separámos.
Trouxe um pouco de ti comigo um pouco de nós.
Das nossas brincadeiras das nossas zangas.
Do meu olhar pasmado enquanto admirava
o teu ritual todas as manhãs, com as tuas gravatas
e camisas e sapatos e tudo o que vestias!
Das nossas viagens de Vila Fernando
dos teus carros que eu sonhava.
De porca-minde!
Das surpresas que me fazias.
De te ir visitar de te mobilizar.
De nos mobilizarmos um ao outro
como dois amigos inseparáveis.

Fiquei teu amigo e com estes versos
tento debelar a distância que nos separa.

No dia do teu aniversário relembro
o lembrar-me de ti todos os dias.
Afago as saudades todas que rebentam
nesta prenda imaterial.
Com esperança de que tenhas orgulho em mim
como eu tenho e sinto por ti, enquanto escrevo
este poema.
Enquanto disfarço as saudades
no meio das palavras.
Destas palavras escritas para ti,
para o meu Pai
o único Pai o Badida
o maior o melhor
o mais carismático o com mais pinta o mais brincalhão.
O melhor Pai do mundo.

Feliz aniversário,
Pai.

Friday, May 04, 2012

Sem pressa

A correr vou correndo atrás de ti.
Corro e percorro caminhos por percorrer.
Sempre contigo no horizonte, sempre a recorrer.

E quanto mais corro menos cansado fico!
E o facto de a distância ser tanta e tão travessa,
só me dá vontade de correr e avançar mais depressa.

Vou pelo corredor desconhecido
que não tem luz ou água ou qualquer tipo de amparo.
Vou porque se não for fico como não quero, claro.

Quando vejo o fim do caminho não acredito;
os meus olhos estão cegos e o meu ego está aflito.
Vou correr mais um pouco até conseguir lá chegar
e se não chegar não chego, mas não tenciono parar.