Atrofiado com o vazio do tempo
fico prostrado e ouço o som do mar.
É suave e violento, gutural e claro
como neve no topo de uma montanha.
Estou lá, no topo… e observo.
Vejo o tempo passar, passa sem parar
para pensar, porque o tempo não pensa.
Eu é que passo o tempo a pensar nos
pensamentos vazios do passar do tempo.
Vou ficando insensível à intemporalidade
do pensamento.
O mar é o meu modelo.
Posa para mim nu, e deixa-me divagar
sem fazer perguntas, sem ter pressa;
sem provavelmente se sentir observado.
Ou será que sente?
Sinto-me observado! Cada onda que chega
perto funciona como um aviso:
“Tu aí, estava aqui a pensar”.
É majestoso o mar, não é?
Sua majestade, o Mar.
A minha tempestade, o pensamento do mar.
O vazio do tempo que passa.
É grandioso o sentimento que tenho
de não me querer afogar.
Fico a flutuar.
1 comment:
Simplesmente espectacular!
Como é que um conjunto de palavras conseguem descrever sentimentos tão reais! Lindo.
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