Na palavra que se repete
não há sentimento que se interprete.
É o ofício do poeta: fazer frete.
Com metáforas, hipérboles e aliterações
encontra figuras que representam emoções.
Cai na tentação… escreve com a cabeça e esquece:
o importante está no coração, aquilo que nos aquece.
As palavras com que descreve, com que sonha e enaltece.
E repete-se novamente, cansado, inconsequente…
Confiante que sem fé talvez se torne crente.
Foge do confronto e da maldita desilusão;
o medo fá-lo tremer e treme com a trepidação.
Abana mais uma vez e volta a cair na repetição.
Repete o repetido, repetindo sem parar…
Pára de repetir mas já repetiu, sem sequer reparar.
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