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Somos feitos das migalhas que os sonhos deixam para nós;
mendigamos tudo o que podemos na tentativa
de subir um pouco mais alto. Só para quando chegamos…
quando chegamos perto do topo aparecer mais um
qualquer destino que nos arrasta inevitavelmente:
para baixo.
Assim, vamos crescendo sempre a olhar para cima,
subtraídos que estamos do nosso próprio poder.
Não temos escolha, não temos nada que não seja nosso.
É tudo passageiro.
Regressamos ao ponto de partida de onde, na verdade,
nunca saímos. Recordamos os melhores momentos, durante
os quais acreditámos que o sonho era a realidade:
a nossa verdadeira verdade.
É uma cruzada incessante sem resolução à vista. Um enigma
do ser que não somos mas que temos de ser.
É preciso clarificar o horizonte dos pensamentos derramados
na corrente que arrasta o nosso olhar.
Reflectir sobre a razão da incompreensão.
Afinal, todos sonhamos o mesmo sonho; todos andamos na
mesma direcção e sempre por caminhos opostos ou paralelos
que nunca se encontram. Somos não do tamanho que queremos
mas do querer ser maiores.
E à medida que, iludidos, vamos crescendo, estamos na realidade
e apenas… mais apertados, com menos espaço para sonhar.
Vamos ardendo lentamente na fogueira do amanhã
que não se revela mais fresco, quais limalhas despedaçadas
chovidas ao sabor do vento.
E sempre empurrados por trás, claro.
Assim, temos a sensação que o caminho é menos difícil,
ou mais fácil. Perspectivamos o que queremos
mas nada se nos perspectiva.
Falta-nos visão.
Falta-nos não saber nada, não esperar nada, não ter nada!
Falta-nos tudo.
2 comments:
Prefiro pensar que a visão de que falas é sim uma realidade que se pode alcançar. Querer é poder!
Falta-nos muita coisa... mas falta-nos principalmente a capacidade se sonhar ainda mais e de trazer as "migalhas" dos sonhos para a nossa vida.
Gostamos mais de as deixar lá penduradas onde não as conseguimos alcançar...
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