Wednesday, April 27, 2011

Porque escrevo (1ª parte)



Escrevo porque sinto

que sinto aquilo que escrevo!

Sinto-me bem, quando escrevo.

Escrevo para mim, e para ti…

Escrevo para toda a gente.

Escrevo porque sou igual e claro,

porque sou diferente.

E porque não consigo falar,

escrever é uma necessidade.

Escrevo para desabafar e tentar amainar,

esconder, entorpecer a saudade.

Escrevo porque sinto falta:

de ti.

Escrevo porque me quero encontrar.

Escrevo porque estou aqui e

não me consigo ver.

Escrevo sem querer…

Escrevo por escrever!

Falo de mim principalmente.

Escrevo porque sou egoísta

e não falo porque sou altruísta.

Escrevo para descrever.

E nunca risco aquilo que escrevo;

reescrevo .

Falo a escrever porque sou mudo.

Escrevo sobre nada e sou previsível:

escrevo sobre tudo.

Escrevo para praticar;

escrevo para não desmaiar

e escrevo para divagar.

Escrevo sem pressa, versifico ao luar.

Escrevo para o Sol e sob a Lua.

Escrevo porque te quero e tu és tua.

Escrevo porque posso e porque espero,

escrevo porque sou sincero.

Escrevo porque a folha está em branco,

despida, feia, vazia, insípida.

Escrevo porque a palavra desliza

livremente através da minha mão.

Escrevo porque penso: e porque não?

Escrevo porque sei escrever e sem escrever

fico desequilibrado.

Escrevo para não ser derrotado.

Escrevo porque mesmo sem ti te tenho aqui

a meu lado.

Escrevo porque estou embriagado.

Escrevo porque me satisfaço.

Falo demais e grito armado em palhaço.

Escrevo para representar.

Escrevo para não falhar

mas falho no quase acabar.

Escrevo para rimar agora se me apetecer.

Escrevo verso solto se assim enlouquecer.

Escrevo porque sou sabedor de nada saber.

Escrevo para vencer.

Escrevo porque me elevo. Escrevo porque me atrevo!

Escrevo porque não sou eu quem escreve.

Escrevo porque sou eu quem sente.

Escrevo porque quem não escreve não finge, nem mente.

Escrevo porque te tenho à minha frente.

Escrevo porque sou crente.

Saturday, April 09, 2011

Quero crer

Olhei para ti de repente, como quem não presta atenção.
Logo fiquei ensimesmado com qualquer coisa,
um qualquer toque ou jeito ou não sei bem.
Fiquei atarantado com o sentir-te.
Senti-te entranhada no meu olhar, como se fosse…
como se fosse um emaranhado estranho de resolver.
Senti que desde que te senti não iria conseguir
aliviar o pensamento de ti. Agarrou-se a mim para
não mais desgrudar.
Fiquei fora de mim, mesmo fora!
Algo rejuvenesceu bem cá dentro onde os
arrepios dormem sossegadamente. Onde de repente
o suave suspiro de ti se transforma e se revela
uma dura tempestade de calafrios fulminantes.
Tudo irradia luz à volta do pensamento de ti.

Pensar em escuridão não faz sentido, porque
todos somos tolos de amor, todos queremos ser
donos do querer, do nosso querer. Mas não queremos
que seres diferentes nos digam que não podemos ser
iguais, que temos de ser afastados porque não sabemos bem porquê.
E infinitamente eu pergunto: porquê?
Porque tem de ser assim?
Se não te posso ter porque razão tenho de te querer?!
Poderia ficar confuso, poderia até ficar indiferente.
Só não sou capaz de ficar assim como que à espera…
à espera do ser que tu não podes ser.
Preciso de qualquer coisa para acreditar.
Quero acreditar no céu azul e na lua cheia.
Quero querer-te sem ter de te querer.
Repetir sem usar esta palavra outra vez.
Descrever-te sem te olhar, sem te ver.
Quero saber. Quero crer.