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Numa esfera quadrada correm as inquietações
do poeta apaixonado. Procura palavras que descrevam
o sentimento que almeja e pensa não alcançar. A Lua
rege o seu sentir, matreira. Com as suas fases, torna
o poeta descontrolado, aturdido pelas constantes
mudanças de luz. É na noite que o miúdo se encolhe,
se esconde e aguarda a chegada dos monstros do
armário, os monstros que assolam a sua solidão.
A ténue luz que vem lá de fora abrilhanta o medo sujo
e inocente.
Mas o miúdo graúdo acredita que é diferente.
Acredita que é poeta. Acredita no sentimento maior
que aquece o coração do homem, que o torna uno,
completo, inteiro.
O miúdo sonha de noite e o graúdo vive de dia.
A Lua só reflecte luz à noite e durante o dia
apaga-se.
A esfera continua quadrada, com arestas que
impedem o sentimento de circular.
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