Wednesday, December 16, 2009

Memória

.


Memória. Pactuar com a reminiscência
invasiva, precisa e descolorida
como a verdade que nunca é querida.
Cisma desprovida de paciência.

Entramos devagar pelas portas do desconhecido
onde grita um mudo de tudo sem alarido.

Contínua… a hemorragia do sentimento atroz,
apaga qualquer resquício de sobriedade.
Sem sombra de luz que ilumina a saudade
agitando a intencionalidade descabida e veloz.

Encontrar o sentido do céu vermelho
que desenha o imprevisto reflexo no espelho.

Ah! E tentar desenhar o invisível
em tela sem fundo e sem suporte,
aproxima-se o azar e afasta-se a sorte
brincando com o sonho indizível.

E narrar os episódios intermédios.
Esquecer todos os delinquentes assédios.

Iludimo-nos em observações vagas
e justos julgamos os jovens aprendizes
que crescem e florescem tentando ser felizes.
Inúteis como luzes rejeitadas e amargas.

Realizamos sonhos fartos de acordar
na pobreza real em que temos de sonhar.

Acende-se uma vela de luz fugaz,
na tentativa de iluminar o sentir desenfreado.
Coração que palpita num bater ritmado
personificando o temperamento do amante voraz.

Uma harpa lança notas agudas na canção do louco,
poeta de mitos e ditos que sabem a nada, que sabem a pouco.

1 comment:

Nuno Miguel Vivas said...

Muito bom!!!