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Esta noite é minha e tua,
esta noite é nossa.
Porque desejo o que tu queres e porque
tu queres o que eu sonho:
Escrevo uma canção de nós.
Nesta noite.
Depois de tudo depois do cansaço. Depois
do antes e atrás do agora. No momento impossível
que no entanto acontece.
Porque esta noite é minha e tua.
Vejo-te e reflicto-me.
Completa-se o Ser que não sabia quem era. O Eu!
Egoísta.
Começo a partilhar-te, mas só a ti. Partilho-te com o luar.
Eu, que saio de mim pelas palavras e te dou a ver aquilo
que não se vê, tudo aquilo que se sente, só se sente.
Nesta noite que não é de ninguém.
É nossa. É minha e tua, é nossa. O sentimento pertence-me
a mim e a ti. Pertence-nos.
E porque é nosso é nosso para partilhar, se assim o quisermos.
E queremos. Não queremos? Eu quero o meu eu a brilhar com
o teu. Quero porque me atrevo!
Há algum mal em atrever? Atrevo-me a roubar o tempo
sem ligar aos avisos sucedâneos. Tudo é possível, já
sabes bem porquê…
Terei de me repetir repetidamente? Dizer-te como é bonito
o movimento que enfeita o teu ser junto do meu.
O nosso ser, nesta noite que passa. Mas que digo eu?
Que dizemos nós?!
Dizemos tolices tolas, tontas, sem toleima. Porque
sempre fomos torpes, atoleimados.
Porque a noite já passou, a noite que era nossa…
Era nossa mas já passou… a não ser que esteja a sonhar.
Sonhemos juntos então; vem…
dá-me a tua mão e fecha os olhos. Nesta noite que é nossa
tudo faz sentido. Acabo completo de tudo e sinto-me
renovado, mimado, como que adormecido.
Mas não durmo. Ainda é de noite. Tudo continua a ser
possível e nada nos pode deter. Conto as estrelas uma a uma
até me doerem os olhos, debaixo deste céu maravilhoso,
polvilhado por milhões de momentos que já passámos juntos.
Nesta nossa noite, que nunca vai acabar.
Porque eu não quero porque não deixo!
O céu é meu, o momento é nosso e dou-te tudo aquilo que tenho
e só não dou mais porque não posso.
Os minutos vão passando e o crepúsculo aproxima-se depressa!
Mas nós resistimos porque…
É verdade o sentimento.
O descanso, a alma tranquila que se desfaz na imensidão do
céu que nos protege.
É tudo assim, na nossa noite.
Na noite que é nossa.
Aos poucos percebe-se um pouco de luz…
É o Sol que aos poucos reclama o lugar da Lua.
Ainda se vêem muitas estrelas e ficamos a olhá-las sossegados,
quietos, mudos. Não há palavras.
Há sensações e muitas muitas emoções.
Estou contigo quando a manhã se levanta. A Lua já dorme e o
Sol por sua vez: canta! Canta a nossa canção.
Porque já falta pouco…
Mais um dia vai passar e sem darmos por isso:
lá estão as estrelas outra vez.
A noite é nossa novamente. Vamos absorvê-la e ficar contentes.
Não porque somos iguais, mas porque somos diferentes.
Nesta noite que é nossa em que somos nós,
a Lua brilha lá bem alto e sempre alerta.
Organiza as estrelas que nos emprestam a sua voz
e assim cantamos a saudade que nos desperta.