Tuesday, February 22, 2005

Sem Título

Eis o meu tributo ao maior poeta de sempre: Fernando Pessoa

"Para ser grande, sê inteiro – nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago, a tua Lua toda brilha porque alta vive."
Fernando Pessoa



Os versos que por aqui correm
Dizem tanto, e tão pouco,
Falam até que as rimas chorem,
Até que as palavras me deixem louco.

E louco! Fico, vou escrevendo.
Não me importo, não tenho medo
Das coisas que vou dizendo,
Que absorvem, me deixam seco.

Mas então surge o verso, em sensação.
A rima existe, devora o espaço.
Sinto que digo aquilo que quero,
Mas não digo aquilo que faço!

Porque ser poeta será fingir?
Será dizer que sim? Ou não…
Fingir aquilo que sinto?
Nem por sombras, atenção!

Monday, February 21, 2005

Acontece

Acontece, e logo...
Desaparece – Porquê? Não sei.
Só sei que não está
quando devia estar.
Só sei que não é…
Quando devia ser.
Pois se fosse certo
quando está errado,
não estaria bem;
porque também, se…
Se não existisse
Poderia vir a ser e,
No entanto
Desaparece.
Porquê? Esconde-se e,
não mais aparece,
para que depois a saudade
possa dizer:

Acontece e… logo se esvanece!

A Noite

Dentro, entra lentamente
Não avisa! Vai entrando.
Chega, apaga, escurece!
Em formas negras e sombrias
como sombras vadias,
que a Noite enlouquece.

Fora tudo é breu, Preto!
Lua escura, brilhante,
De uma luz ofuscante!
Vento que de repente assobia,
Assim como uma brisa fria.
De sensação arrepiante.

Entre as fisgas de luz
Levanta-se a escuridão.
Numa loucura que te conduz,
É a Noite, atenção!

E porque escurece, nada vejo
Porque tudo se esvanece, nada sinto.
É a Noite que impera, é verdade!
Porque a luz diz que não minto.